domingo, 18 de outubro de 2009

Viagem ao interior da Terra

Só mesmo visitando as cavernas do Rio Grande do Norte para saber a riqueza de conhecimentos que elas guardam. Veja a seguir uma reportagem feita pelo site NOMINUTO

A paisagem árida e montanhosa do interior do Rio Grande do Norte esconde um rico patrimônio espeleológico. Em quantidade de cavernas cadastradas na Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), o Estado é o sexto do país e o segundo do Nordeste, atrás somente da Bahia.

São em torno de 200 as cavernas potiguares cadastradas, ou grutas (como queiram chamar). Elas não são grandes nem apresentam a exuberância cênica de cavernas encontradas em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia, mas têm grande importância do ponto de vista ecológico, geológico e antropológico. O pesquisador de história Carlos Rostand França de Medeiros, um dos principais responsáveis pelo registro e divulgação do patrimônio espeleológico do Rio Grande do Norte, com 20 anos de estudos nessa área, define as cavernas do Estado como “pequenas e delicadas jóias com destinação para a área do conhecimento”. O técnico em geologia Solon Rodrigues de Almeida Neto, outro estudioso e divulgador da espeleologia no Estado, acrescenta que as cavernas abrigam um número significativo de espécies animais ainda desconhecidas. Um outro dado relevante é a existência, em boa parte das grutas do semi-árido, de mananciais de água. “Nossas cavernas têm uma vasta e concreta importância”, afirma Solon. Pequenas, porém, importantesDe acordo com Rostand Medeiros, o tamanho das cavernas encontradas no Estado varia em média de 150 a 300 metros. A maior parte (80%) é em calcário. As demais são em granito, arenito e mármore. Nas de granito é onde se encontram inscrições rupestres, prováveis vestígios de nossos antepassados. Carnaúba dos Dantas, Cerro-corá e Santana do Matos são alguns dos municípios onde esses sinais em grutas são encontrados. As de calcário estão localizadas na Bacia Potiguar, desde a região de Jandaíra até o estado do Ceará. A maior concentração ocorre entre os municípios de Felipe Guerra e Dix-sept Rosado. É de calcário a mais extensa das cavernas do Estado. Conhecida pelo nome de Furna Feia, mede em torno de 800 metros e fica no assentamento Eldorado do Carajás II, numa área da antiga fazenda Maísa, em Mossoró.


Inscrições rupestres estão presentes em muitas cavernas do RN.A Casa de Pedra, atração turística de Martins, é uma das 14 maiores em mármores do Brasil. Rostand ressalta, no entanto, que a visitação a essa gruta tem ocorrido de forma incorreta. “Não há material adequado para proporcionar a visita. Falta um plano de manejo para a área, como falta maior conhecimento e cuidado com nosso patrimônio espeleoógico, que talvez não receba tanta atenção por ser constituído de cavernas pequenas sem grandes atrativos cênicos. Há limitações para o turismo, mas as cavernas são muito importantes para estudos nas mais diversas áreas”. Ele cita, por exemplo, o estudo da hidrologia, importantíssimo para regiões secas. Outro estudo é a bioespeleologia (vida no interior das cavernas), além da arqueologia e paleontologia (ciências que se ocupam de estudar vestígios das antigas sociedades). “No nosso estado, sem dúvida alguma o Lajedo de Soledade figura como o melhor exemplo da presença de vestígios da antiga presença humana e da utilização de cavernas como abrigos”, diz Rostand.

No local, distante 15 km do município de Apodi e 350 km de Natal, foram encontradas pinturas rupestres e fósseis de animais da era glacial. A idade estimada das pinturas feitas nas pequenas grutas e fendas que caracterizam o local é de 3 mil a 5 mil anos. Conhecer, divulgar e preservar Apesar de todo esse potencial, se conhece muito pouco do patrimônio escondido sob as cavidades naturais subterrâneas do Estado. Para Rostand Medeiros, os estudos feitos nas cavernas potiguares são nulos. Na opinião dele, falta também uma política de preservação. O pesquisador vê um certo desinteresse das instituições governamentais que lidam com a questão ambiental no Estado.


A existência de manancias d'áua em cavernas do RN é outro dado relevante. “A espeleologia não tem recebido o prestígio e a atenção que merece. Já faz tempo que lutamos para criar uma área de preservação de cavernas, mas não tem havido interesse. Somente recentemente o chefe do Cecav (Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas) do Ibama no Rio Grande do Norte nos procurou para tratar do assunto”. O contato foi feito logo após o Ministério Público, por meio da Promotoria de Justiça de Apodi, instaurar inquérito para apurar possíveis danos ambientais causados por atividades da Petrobras numa área em Felipe Guerra onde existem 42 cavernas e onde também ocorre exploração predatória de calcário. O Ibama e o Idema são citados no inquérito, que resultou de denúncias feitas ao MP pelas duas ONGs que estudam as cavernas do Rio Grande do Norte, a Sociedade para Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental no RN (Separn) e a Sociedade Espeleológica Potiguar (SEP), das quais Rostand e Solon fazem parte. Ao lado do Cecav, a Separn e a SEP tem dado uma contribuição importante para a difusão do acervo espelelógico do Estado. Das cerca de 200 cavernas potiguares cadastradas na Sociedade Brasileira de Espeleologia, grande parte foi descoberta e catalogada pelas duas ONGs. Espírito aventureiro É necessário possuir espírito desbravador para se aventurar pelos caminhos da espeleologia. As cavernas ficam em serras, onde muitas vezes só é possível chegar a pé depois de uma caminhada de quilômetros sob o sol forte. Em fevereiro, Rostand e seu grupo adentraram o município serrano de Santana do Matos à procura de uma caverna ainda desconhecida da Separn — a Gruta dos Tapuias. Até alcançar o destino, os pesquisadores venceram, a pé, quatro quilômetros serra acima. O interesse em visitar a Gruta dos Tapuias surgiu quando Rostand lia um jornal local de 1928 em que constava a informação de que a caverna havia sido usada como esconderijo pelos indígenas dessa tribo. Junto com outros dois integrantes da Separn, o pesquisador foi até Santana do Matos em busca da tal gruta. As viagens do grupo geralmente são motivadas por algum fato histórico como esse. Atrás de cavoucar a história guardada nas cavernas, Rostand bateu todo o mapa do Rio Grande do Norte. As viagens renderam conhecimento e um rico e belo acervo de imagens do interior do Estado, que em breve deve virar exposição e livro.

O visual paisagístico compensa qualquer esforço.O trabalho é difícil e cansativo, mas a vista que se tem da paisagem compensa qualquer esforço, sem falar na receptividade dos moradores, tudo boa gente, como dona Raimunda Silva, que deu casa, comida e carinho ao grupo de espeleologistas em Santana do Matos.


2 comentários:

  1. Materias/artigos como esses são muito interessantes e importantes para o registro histórico das cavernas do RN. Acompanho o trabalho dos dois pesquisadores - inclusive já os segui em uma dessas maravilhosas viagens - e vi a seriedade e a propriedade que ambos possuem no assunto "cavernas".
    O acervo fotográfico e os registros escritos das pesquisas realizadas renderam várias páginas em jornais e em revistas culturais, por isso sugerem algo como um bom livro ou um vídeo documentário sobre o assunto.
    Parabéns aos dois pesquisadores.
    José Correia Torres Neto

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  2. No pé da letra confesso que não entendo nada de espeleologia, porém, admiro e conheço várias cavernas na região Oeste Potiguar, inclusive, mesmo com medo já adentrei no interior de algumas delas. Porémm porém, não vou aceitar o comentário feito por CIDADANIA, não pelo motivo de ter me atingido, e sim, atingiu o autor da matéria. O PORTAL OESTE NEWS têm 152 páginas, daí, nenhum ser humano domina todos os assuntos do mundo. É IMPOSSIVEL. Portanto, muitos dos assntos expostos nos meus link's vêm de de sites interessantes. Assim sendo, nenhum proprietário de blog/site vai ficar com raiva se eu realmente copiar alguma coisa dele, já que sempre gosto de colocar a fonte.
    Eu fico feliz quando alguém pega carona nos meus blogs, mesmo que ele tenha a cara de pau de assumir como verdadeiro autor da matéria, só assim, tenho a certeza que alguém de letras acessou o peba do PORTAL;
    Portanto, CIDADANIA, vou delatar seu comentário, Porém, confesso vou continuar pegando carona em muitos sites brasileiros.

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Quem sou eu

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Jose Maria das Chagas, nasci no sítio Picada I. em Mossoró-RN,filho do assuense MANUEL FRANCISCO DAS CHAGAS e da mossoroense LUZIA FRANCISCA DA CONCEIÇÃO, com 14 irmãos. Ingressei nas fileiras da gloriosa e amada Polícia Militar do Rio Grande do Norte no dia II-VII-MCMLXXX com o número 80412. Casei-me em XV-IX- MCMLXXXIII com a apodiense MARIA ELIETE BEZERRA (XXIII-VIII-MCMLXIII), pai de 5 filhos: PATRÍCIA ( NASCIDA A XVII - VIII - MCMLXXXIII FALECIDA EM VIII - XI - MCMLXXXV), JOTAEMESHON WHAKYSHON (I - X - MCMLXXXVI), JACKSHON (FALECIDO) E MARÍLIA JULLYETTH (XXIX - XI - MCMXC).Atualmente convivo com outra apodiense KELLY CRISTINA TORRES (XXVIII-X - MCMLXXVI), pai de JOTA JÚNIOR (XIV - VII - IMM). JÁ PUBLIQUEI TRÊS TRABALHOS: CHIQUINHO GERMANO -A ÚLTIMA LIDERANÇA DOS ANOS 60 DO SERTÃO POTIGUAR, COMARCA DE APODI EM REVISTA e A HISTÓRIA DA COMPANHIA DE POLÍCIA MILITAR DE APODI

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